Esta análise foi realizada utilizando-se da técnica de titulação potenciométrica de uma solução de ácidos fósforico e hidrogenofosfato de sódio em concentração desconhecida. A técnica consiste em observar o aumento de pH na medida em que é adicionado o titulante, no caso, uma base forte. Durante o processo observa-se, no gráfico de pH × volume de titulante, um ponto de inflexão na curva. Este ponto de inflexão é o ponto exato em que ocorre a neutralização do ácido pela base. Por tratar-se de um ácido poliprótico observamos vários pontos de inflexão pelos quais podemos descobrir suas concentrações.
Quando o ácido fosfórico (H3PO4) está em solução aquosa, ele sofre as seguintes dissociações:
\begin{aligned} \mathrm{H}_3\mathrm{PO}_4(\text{aq}) &\rightarrow \mathrm{H}^{+} + \mathrm{H}_2\mathrm{PO}_4^{-}(\textrm{aq}) \\ \mathrm{H}_2\mathrm{PO}_4^{-}(\text{aq}) &\rightleftharpoons H^{+} + \mathrm{HPO}_4^{2-}(\text{aq}) \\ \mathrm{HPO}_4^{2-}(\text{aq}) &\rightleftharpoons \mathrm{H}^{+} + \mathrm{PO}_4^{3-}(\text{aq}) \end{aligned}Quando o hidrogenofosfato de sódio (Na2HPO4) está em solução aquosa, ocorrem as seguintes dissociações:
\begin{aligned} \mathrm{Na}_2\mathrm{HPO}_4(\text{aq}) &\rightarrow 2\mathrm{Na}^{+} + H^{+} + \mathrm{HPO}_4^{2-}(\text{aq}) \\ \mathrm{HPO}_4^{2-}(\text{aq}) &\rightleftharpoons \mathrm{H}^{+} + \mathrm{PO}_4^{3-}(\text{aq}) \end{aligned}Quando adicionamos o hidróxido de sódio (NaOH) na solução, ocorrerá a neutralização das espécies ácidas conforme equações abaixo:
\begin{aligned} \mathrm{NaOH}(\text{aq}) &\rightarrow \mathrm{Na}^{+} + \mathrm{OH}^{-} \\ \mathrm{OH}^{-} + \mathrm{H}^{+} &\rightleftharpoons \mathrm{H}_2\mathrm{O}(\text{l}) \end{aligned}O objetivo do experimento é determinar a concentração de ácido fosfórico e hidrogenofosfato de sódio em uma amostra utilizando-se a técnica de titulação potenciométrica com medidas de pH com eletrodo de vidro combinado.
Os valores de pH obtidos durante o experimento encontram-se na Tabela I (anexa ao final do relatório), enquanto que o gráfico construído com esses valores encontra-se abaixo:
Figura 3.1: dados obtidos na titulação.
As linhas tracejadas indicam o ponto de equivalência (pH = 9,07; volume de titulante = 28,1ml).
Traçamos as derivadas primeira e segunda para obter o ponto de equivalência com maior exatidão:
Figura 3.2: derivadas [1]
A linha tracejada indica o ponto de equivalência.
A análise dos gráficos mostra que o ponto de equivalência ocorre quando o volume de titulante é de 28,1ml e, neste momento, o pH é 9,07.
Antes de iniciar os cálculos, analisamos as curvas de distribuição do ácido fosfórico (Figura 3.3) para sabermos a composição da amostra no início do processo e no ponto de equivalência.
Figura 3.3: distribuição do ácido fosfórico [1]
As linhas tracejadas indicam o pH inicial da titulação (pH = 6,83) e o ponto de equivalência (pH = 9,07).
Vemos que, no ponto de equivalência, há predomínio de HPO42−. Este HPO42− foi formado pois havia H2PO42− na amostra e, com a neutralização dos H+ pelo NaOH o equilíbrio deslocou-se para o sentido de formação do HPO42−. Assim, podemos fazer os cálculos e obter a concentração de H2PO42− na amostra.
Sabendo que o NaOH foi padronizado em 0,1010M, podemos concluir que foram necessários 2,84×10−3 mol para neutralizar os H+ e formar HPO42−. Então, a concentração do H2PO42− será de 4,73×10−2.
Principais fontes de erros: transferências de volume (pipetas volumétricas e balões volumétricos) sem o fator de correção da calibração. O pHmetro, que teve problemas de calibração. O ponto de viragem da fenolftaleína na padronização do NaOH . Erros de paralaxe na leitura da bureta. A construção do gráfico com dados discretos, ou seja, não contínuas. Porém, mesmo assim, esta titulação apresenta um bom resultado na faixa de concentração de mmol.
Comparando-se os resultados reais obtidos na titulação com os dados obtidos em simulação no software CurTiPot [1] observamos o seguinte:
Figura 3.4: comparação da titulação real com uma simulação [1]
As linhas tracejadas marcam os pontos de equivalência.
Esta comparação nos mostra que, possivelmente, ocorreu um erro durante a titulação, porém o erro não afetou o ponto de equivalência e, consequentemente, não afetou o resultado. Supomos que tal erro seja causado pela calibração do pHmetro.
Esta técnica, comparada a titulação com o uso de indicadores de cor é mais precisa e exata, porém, se comparada à técnica automatizada também potenciométrica, esta ainda deixa a desejar em seus resultados. Sendo que, para o aprendizado acadêmico, é apropriada e suas limitações são aceitáveis. Sugerimos um aperfeiçoamento na técnica que é conectar um registrador gráfico ao pHmetro e o uso de uma bureta digital. Sugerimos também que não seja mudado, de última hora, a composição da amostra, trocando as espécies a serem analisadas, conforme ocorrido; esperávamos ácido fosfórico e dihidrogenofosfato de sódio, mas a amostra continha ácido fosfórico e hidrogenofosfato de sódio.
Concluímos que o experimento foi válido para o aprendizado a pesar das diferentes dificuldades na execução sendo de grande valia para uma ampla faixa de titulações.
[1] GUTZ, Ivano G. R. CurTiPot.xls. São Paulo, 17 de janeiro de 2007. 1 arquivo (1,2MB). MS Excel.
[2] WOLFRAM RESEARCH, INC. Mathematica 5.0. Champaign, USA, 2003. Software
Tabela 1: Valores de pH obtidos durante a titulação.