Este relatório apresenta a descrição de um experimento sobre a determinação da relação Cp/Cv de um gás realizado por dois alunos da disciplina FEP0112 - Física 2 no dia 8 de maio de 2007, sob supervisão do professor Gustavo do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
O experimento teve como objetivo determinar a relação Cp/Cv do ar utilizando-se o método de Rüchhardt, que se utiliza do movimento harmônico de um êmbolo cuja força restauradora é gerada pela pressão do ar dentro de um balão de vidro.
Considerando um balão de vidro de volume V, fechado por um êmbolo, contendo ar a uma pressão p, numa sala onde a pressão atmosférica é p0. Considerando também que o êmbolo que fecha o balão tem massa m, raio r, área A e está oscilando com um período T, sob ação de uma força F.
Iniciando-se pela equação que dá a força elástica (Eq. 3.1) e pela segunda lei de Newton (Eq. 3.2):
Igualando Eq. 3.1 e Eq. 3.2 e sabendo que a aceleração (a) é a segunda derivada da função quedetermina a posição (x), obtemos:
Pela análise da Eq. 3.4, podemos supor que:
Substituindo-se a Eq. 3.7 na Eq. 3.4:
A Eq. 3.10 dá-nos a frequência angular (ω) do movimento.
Agora obteremos uma expressão que relacione a constante elástica
Considerando-se que no experimento tivemos processos adiabáticos (como é discutido na seção 7 deste relatório), temos:
Sabendo-se que ΔV = π . r² . x, temos:
Substituindo-se ΔV = A . x, na Eq. 3.1, obtemos:
A partir das últimas Eq., podemos escrever:
Sabemos que o período do movimento é dado por:
Substituindo-se a Eq. 3.20 na Eq. 3.21, obtemos a expressão que desejávamos:
Resta apenas obter p:
Um balão de vidro, preso a um suporte, foi fechado com um êmbolo móvel, como ilustra a Figura 4.2.1.
Figura 4.2.1: Montagem do experimento.
O êmbolo foi movido em relação à sua posição de equilíbrio e então começou a oscilar. Foi cronometrado o tempo de 10 oscilações. Isto foi repetido 10 vezes, para melhorar a exatidão dos dados.
Tabela 5.1: grandezas envolvidas no experimento.
Tabelas 5.2 e 5.3: grandezas associadas ao tempo das oscilações
Pela Tabela 5.3, conclui-se que: T = (0,437 ± 0,004) s.
Substituindo-se os valores da seção 5 deste relatório na Eq. 3.23, temos:
Porque, na transformação a volume constante, a energia fornecida ao gás é usada apenas para aumentar a temperatura, enquanto que, na transformação a pressão constante, além de aumentar a temperatura, a energia é utilizada também para a realização de trabalho.
Para ilustrar os dois tipos de transformações, temos o Gráfico 7.2.1. Como se pode ver no gráfico, na transformação isovolumétrica A, não há realização de trabalho quando o gás passa da temperatura T para a temperatura T+ΔT; enquanto que há a realização de um trabalho pΔV por uma transformação isobárica, B, com as mesmas temperaturas inicial e final.
Gráfico 7.2.1: Uma transformação isovolumétrica (A) e uma isobárica (B)
Porque o êmbolo oscila rapidamente, não havendo tempo para trocas de calor significativas.
Concluímos que a relação Cp/Cv do ar é 1,510. Vemos que há uma diferença de 7,22% em relação ao valor encontrado na literatura: 1,401 (a 25°C) [4]. Pela simplicidade do experimento, a diferença de 7,22% torna-se aceitável.
[1] GOLDEMBERG, José. Física Geral e Experimental. Vol. 1. São Paulo: Editora Nacional e Editora da USP, 1968. 422p.
[2] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física. Vol. 2. 6a ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2002. 228p.
[3] PETERS, Randall D. Ruchhardt Oscillator Decay: Thermodynamic basis for Hysteretic Damping. Disponível em: http://physics.mercer.edu/hpage/ruch.html. Acesso: em 11 maio 2007.
[4] THE ENGINEERING TOOLBOX. Specific Heat Ratio of Air. Disponível em: http://www.engineeringtoolbox.com/specific-heat-ratio-d_602.html. Acesso em: 11 maio 2007.
[5] WOLFRAM RESEARCH, INC. Mathematica 5.0. Champaign, USA, 2003. Software.